segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Arte Egípcia

Assim como sucede com outras artes, o estudo da pintura do antigo Egito deve partir forçosamente da consideração da organização social e das crenças religiosas. Esta crença, implicará ao culto aos mortos, onde origina-se a maior parte da pintura egípcia, pois é ela quem determina os tipos construtivos fundamentais (com o templo e o enterramento - pirâmide, mastaba ou hipogeu - à cabeça); a temática escultórica ou pictórica e até certos rasgos estilísticos como a tendência ao realismo (necessário para assegurar a identidade entre a imagem e a coisa representada) e a observação da lei da frontalidade (que reforça essa identidade pelo fato de representar a figura tal como se sabe que é ou não de acordo com o estrito testemunho visual de uma posição fixa).
Outras características das representações egípcias virão da sua condição de produto de uma sociedade teocrática na qual o faraó é considerado não só soberano, mas também como o último descendente de Amon e ele próprio um deus, auxiliado por uma toda poderosa casta sacerdotal.
O caráter conservador, hierarquizado e compartimentado da sociedade egípcia, será dominada pelo culto a tradição, e a repulsa a qualquer novidade, uma arte plenamente codificada e que rende culto ao convencional e aos elementos representativos. Na arte egípcia a pintura está a serviço da religião ou das castas dominantes.


Representação de Osiris, Ísis, Neftis e quatro deuses na aprovação do juízo(morte).

Toth, Anubis e Ammit são partes das 42 divindades que atuam como juízes no julgamento da morte.

A pintura egípcia utilizava-se da seguinte matéria - uma pintura a cola fabricada com cores minerais, é aplicada sobre uma camada de gesso branco que cobre a parede, usa tintas planas, sem matizações, durante os Impérios Antigos (sobre 2700-2260 aC.) e Médio (sobre 2060-1786 aC.) e só com a XVIII dinastia (sobre 1560-1309 aC.) começa-se a introduzir os meios-tons, numa época que se torna visível certa tendência ao preciosismo.
Arte de códigos rígidos, representa personagens de perfil e conforme a lei da frontalidade o tronco e os olhos aparecem de frente, numa tentativa de representar as diferentes partes do corpo da forma mais caracterizada possível; as pernas aparecem sempre vistas pela face interna; os braços costumam estar colados ao corpo, e quando um deles se levanta, a altura do antebraço geralmente é mais afastado, das demais partes, as cenas aparecem perfeitamente estruturadas ainda que desconhecendo as leis da perspectiva.
Os pintores situam figuras humanas e animais em várias franjas sobrepostas e bem delimitadas, de tal modo que os diferentes fragmentos não interfiram sobre si e se possa representar a totalidade de cada um dos seres ou das coisas, os pintores egípcios conseguem o efeito desejado mediante outra convenção tão simples como efetiva: a duplicação de perfis.
Representação de mumificação onde Anubis é o principal deus.

Na cultura egípcia artística, a pintura é sem dúvida a mais livre das expressões, aquela em que, tanto pela técnica como pelos fins a que se utiliza e a temática que cultiva, com maior fluidez assomam as tendências para a movimento e a ânsia de naturalismo.

A pintura tem o seu grande campo de ações nas decorações dos monumentos funerários.No interior das tumbas, grandes telas murais aparecem recobertas por relevos e pinturas onde se escrevem as ocupações e o ambiente vital do defunto e se representam cenas de caráter religioso. Sobretudo as primeiras, destinadas a assegurar ao defunto os alimentos e os utensílios que necessitará no outro mundo, assim como os servidores que deverão ajudá-lo nas suas ocupações, apresentam uma variadíssima temática - campanhas bélicas dos faraós, entrega de presentes por embaixadas estrangeiras, cenas de caça ou de pesca, trabalhos agrícolas ou artesanais, as ocupações da vida cotidiana, músicos e bailarinas, representações de animais do deserto, pássaros, peixes; de inestimável valor documental, nas quais costuma assoar um refreado naturalismo.

Capela Funerária de Tutmés III

Decoração da tumba de Setis (Vale dos reis-Egito)